
A minha vida em Biologia e Geologia
Fotografia: Sofia Costa
GeoConferência- I Jornadas da Geologia da EBSPMA 2016
No passado dia 5 de fevereiro de 2016 decorreu a I edição das Jornadas da Geologia na nossa escola.
Este projeto foi sugerido por uma aluno da Universidade de Évora, Sandro Vicente, licenciado em Engenharia Geológica, que em tempos estudou na nossa escola. Teve como objetivo dinamizar o ensino e a aprendizagem das Geociências e dar a conhecer as diferentes áreas de intervenção da Geologia, fornecendo a toda a comunidade educativa componentes teóricas e práticas úteis ao seu futuro. A jornada iniciou-se com o Professor Doutor Jorge Pedro, da Universidade de Évora, que nos deu a conhecer as ” Rochas e Minerais: Compreender, Utilizar e Conservar”.
Os minerais são sólidos, naturais, inorgânicos, com composição química e estrutura física definidas, logo têm sempre a mesma forma, embora com a possibilidade de tamanhos diferentes.
As rochas são associações de minerais, que ocorrem naturalmente. Como os minerais são sólidos, e sendo as rochas um conjunto dos mesmos, estas também se irão encontrar no estado sólido. Podem ser ígneas, sedimentares ou metamórficas, que se formam através do Ciclo das Rochas.
Para percebermos a disponibilidade das rochas e dos minerais no planeta, o professor Jorge Pedro comparou a Terra a uma laranja, da qual se cortou um bocado, podendo associá-lo ao interior da Terra. Concluiu-se, assim, que o interior da Terra pode ser representado através de dois modelos: o modelo químico que divide a Terra em três partes (crosta, manto e núcleo), de acordo com a sua composição química; e o modelo físico que divide a Terra em quatro partes (Litosfera, Astenosfera, Mesosfera e Endosfera), de acordo com o seu estado físico. Pegando no modelo físico do interior da Terra, estabeleceu-se a ligação entre a camada superior do bocado de laranja com a litosfera terrestre.
A Litosfera encontra-se a 200 Km de profundidade, no estado sólido, precisamente por esta ser constituída por rochas e minerais, que como anteriormente referi, também estão no estado sólido.
A utilidade das rochas e minerais vem desde a antiguidade, sendo utilizadas para construir sepulturas e para a caça. Atualmente associa-se a utilização dos minerais em joias, com grande valor económico devido à sua raridade. Contudo, os geólogos defendem que os minerais mais preciosos são aqueles mais vulgares, utilizados por todos nós, uma vez que são eles que constituem a grande maioria das estruturas, sem as quais já não vivemos sem, como o vidro, os tijolos ou até mesmo a eletricidade, devido à presença de finos fios de cobre nos fios elétricos.
Atendendo ao ciclo de formação das rochas, o Homem utilizou-o a seu proveito, tentando copiá-lo. O betão, atualmente, é algo utilizado com grande regularidade, e o seu processo de formação é idêntico ao das rochas, mas neste caso de forma industrial e não natural. Comparemos, então, um conglomerado, ao betão: o conglomerado é formado por clastos (fragmentos pequenos de rochas), unidos uns aos outros através do cimento carbonatado e argiloso; o betão é formado por agregados rochosos que o homem retirou do solo e juntou-os ao cimento, constituído por areia e outros componentes.
A conservação dos monumentos deixados pelos nossos antepassados é sempre uma preocupação das cidades. Os nossos monumentos são constituídos por minerais, logo a preocupação é a da conservação dos minerais. Ao longo do tempo os minerais vão sofrendo alterações, por isso degradaram as estruturas. Para poder conservá-los é necessário saber as causas da sua alteração, por isso deve ser feito um mapa da localização de cada tipo de mineral presente na rocha (microscopia eletrónica). Tendo como foco os Frescos da Capela Sistina e a sua renovação, os geólogos tiveram de estudar a sua composição mineral e a quantidade necessária dos mesmos pra se poder voltar a produzir a mesma tinta que Miguel Ângelo utilizou quando os pintou. Sendo que aquela tinta provém da diluição de mineiras moídos.
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Conclusão: os minerais e rochas estão à nossa disposição, têm grande utilidade, foram e são importantes. É necessário percebermos o valor que têm e as consequências futuras, quando, ou se, vierem a faltar.
A jornada prosseguiu com “A Licenciatura em Engenharia Geológica“, de Engenheiro Sandro Vicente, aluno da Universidade de Évora.
Sandro decidiu ingressar pelo ensino superior, e diz ter escolhido a Engenharia Geológica de modo a juntar as duas disciplinas que mais preferia: geologia e matemática.
Referiu que o primeiro mês como universitário não foi fácil, mas com a integração em núcleos, adaptou-se facilmente. Ao longo do seu curso teve a prospeção geológica, em que avaliava os recursos minerais; explorações mineiras, em que estudava os métodos utilizados em minas e pedreiras; e a detenção remota e SIG, em que analisava e tratava imagens de satélite para conhecer a geologia e tipografia dos solos. Todos os conhecimentos teóricos que adquiriu, aplicou em estágios, aqui mesmo na ilha, na Pedreira da Malhadinha e na extração de areia nos Anjos.
Sandro ajudou, assim, os alunos a perceber como orientar o seu futuro académico.
O Professor Doutor Pedro Nogueira, da Universidade de Évora, deu continuidade à nossa jornada com “Os Recursos e o Nosso Futuro em Comum – Porque devemos estuda/ensinar os recursos minerais”.
Um recurso renovável é um recurso biológico, natural cuja disponibilidade se mantém ou ultrapassa a necessidade de utilização do homem. Contudo a exploração exagerada dos mesmos pode levá-los a tronarem-se em recursos não renováveis.
O bacalhau, sendo um recurso biológico é renovável, no entanto, na Terra Nova, foi alvo de exploração exagerada, o que quase o levou á extinção naquela zona. Tem-se vindo a encontrar cada vez mais hidrocarbonetos, contudo a sua utilização tem vindo a aumentar. Estes exemplos revelam a despreocupação do Homem com os recursos renováveis e consequentemente com o desperdício de energia.
Na extração de cobre, por cada tonelada só são extraídos 3 Kg de cobre, logo são produzidos mais de 250 toneladas de lixo, só para a extração do mesmo. Assim, o aumento de energia aumenta, o que vem confirmar a teoria de que o Homem tem vindo a aumentar significativamente o consumo de energia, sendo que 28% da população consome 77% da energia total. Há quem fale na reciclagem dos materiais, mas nunca se consegue a reciclagem total do material, para não falar que isso também implica custos.
Felizmente, já se tem vindo a notar uma maior preocupação dos países em combater este problema, como por exemplo a Austrália e os Estados Unidos da América que tem incorporado este problema nos jogos virtuais.
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Conclusão: é muito importante percebermos o limiar entre o certo e o errado; o bom censo e o exagero, para que futuramente os recursos renováveis continuem a sê-lo, mantendo-se disponíveis às necessidades humanas. O homem deve estar consciente dos erros que corre quando comete exageros que põem em causa o seu futuro.
Ao falarmos em Geologia, falamos em “Pedreiras – Segurança, Higiene e Ambiente”, a temática que o Professor Doutor Rúben Martins nos deu a conhecer.
Começou por dizer que tudo o que nos rodeia vem do interior da Terra. Contudo, tudo o que nos rodeia tem impactos, também sobre a Terra, por isso as Camaras Municipais, devem ter isso em consideração quando autorizam um mandato de construção em/de zonas industriais.
Posteriormente, deu-nos a conhecer o Ciclo de Trabalho de Pedreira: inicia-se com uma perfuração, onde é feito um corte; seguidamente o desmonte e o esquadrejamento, para que a pedra possa ser transportada, após a sua remoção.
Mas o trabalho numa pedreira implica riscos, e para isso é preciso ter cuidados e utilizar o equipamento necessário para prevenir possíveis acidentes, por vezes com consequências extremas. Todavia, o equipamento tende a ser desconfortável. Não é só no trabalho de remoção das pedras que é necessário tomar cuidados. O transporte dos blocos paralelepípedos de pedra nos camiões deve ser cuidado; uma má colocação/posição dos mesmos, também pode ser perigoso.
Ao fim de algum tempo, a pedreira deixa de ter material, e as Camaras Municipais procuram dar-lhes uma nova utilidade: a aproximação de uma zona industrial à pedreira, o que trás impactos aos moradores mais próximos; a cobertura da pedreira, o que é um risco, porque mais tarde pode voltar a existir novo material geológico, e além disso serve de ecossistema, por vezes com a criação de lagos com a acumulação da água da chuva. Sendo assim, os geólogos procuram encontrar outras alternativas, mas maioritariamente são desvalorizadas, como o turismo industrial. As pedreiras já serviram de palcos a artistas musicais e a provas desportivas. O que se pretende é a criação de planos de interesse geral, para que todos beneficiem presente e futuramente.
A Ilha da Madeira também promove o estudo da Geologia, e foi sobre isso que o Professor Doutor João Martins, da Universidade da Madeira, nos veio falar, sobre “A Licenciatura em Engenharia Civil”.
A Engenharia Civil consiste na conceção, realização e exploração de sistemas sustentáveis que permitem uma adequada utilização pela população, com benefícios ao nível da sua qualidade de vida, como são exemplos os estádios, os túneis, as pontes, as barragens…
Na Universidade da Madeira é possível ser-se Engenheiro Civil com três anos de estudo, e a obtenção do mestrado com mais dois anos complementares. Um dos conceitos importantes abordados ao longo do curso é a da zonagem geológica/geotérmica. A falta dela trás consequências como os desvios, deformações ou inclinações das estruturas, como o exemplo o da Torre de Pisa, em Itália.
A Universidade também permite aos alunos não universitários ter uma noção dos conceitos de engenharia, organizando um projeto, Ponte de Esparguete, em que os alunos constroem as suas pontes, que posteriormente são sujeitas a carregamentos e a uma avaliação estética. São premiados com um valor monetário e simultaneamente, de acordo com as resistências das suas pontes, ajudam uma instituição com produtos alimentares.
Toda a Ilha da Madeira é conhecida pelos seus inúmeros túneis. O Engenheiro Emanuel Alves, Mestre Engenheiro Civil pela Universidade da Madeira, explicou-nos os processos necessários para a construção dos túneis.
O processo inicia-se por uma metodologia, em que se fazem pesquisas bibliográficas, levantamento de dados, para se chegar a uma conclusão. Posteriormente é feita uma caracterização do túnel que será construído, procedendo-se a uma identificação, a uma definição em que se mencionam o processo de construção, a forma, a estrutura, o revestimento, as dimensões e os materiais e estruturas de construção a ser utilizados.
A construção de um túnel é um processo de grande complexidade, mas que ao longo dos tempos tem vindo a sofrer alterações, nomeadamente no que toca á sua forma e estrutura.
Toda esta componente teórica, ajudou os alunos e restantes membros da comunidade educativa a ter uma perceção diferente, dos conceitos a que chamamos terra, rochas e minerais, dando a perceber a sua utilização e importância, ao mesmo tempo que orientou os alunos no seu processo escolar.
Este projeto complementou-se com uma visita de estudo á Pedreira da Malhadinha – Produção de Rochas Industriais e Ornamentais, com a orientação do Engenheiro Nuno Serrado, do Grupo Madeira Inerte.
Fig.1- Professores convidados das Universidades de Évora e da Madeira e Engenheiros
Fonte:http://www.ebspma.edu.pt/images/20152016/014.JPG
